sábado, 31 de agosto de 2013

E dai a infância invade o hoje As bonecas de cabelos loiros de nylon da menina vizinha As roupinhas mal feitas dos bichinhos de pelúcia, feitas dos restos de panos das roupas que vestíamos O cheiro forte do plástico de que eram feitas A boneca linda e morena, de cabelos pretos e longos (que adoro até hoje), vestida de havaiana,descalça, com argolas douradas nas orelhas, presente do meu pai A lousa toda escrita em giz colorido, mal apagada, o pó esbranquiçado na memória Da vitrola de pilhas tão moderna então, a musiquinha do palhaço Arrelia se repete incansavelmente. Ainda minha caixinha amarela, de música, com espelhos e a bailarina a girar. Magia. Magia pura. Só dar corda e sonhar A bicicleta arranhada e sem cor, companheira de passeios e descobertas, cansada, encostada na parede. Ecoando no ouvido, a voz do irmão contando até 10 e a gente procurando um esconderijo A buzina do carrinho que vendia sorvete, provocando vontade, frustação e sabores passava todas as tardes na rua da minha infância Quando chovia, olhava tristemente pela janela do sobrado procurando no céu a figura do sol, a liberdade, o mergulho na piscina do clube Mas também, somente nos dias de chuva, podíamos ouvir a voz de nossa mãe, como ouço agora, nos chamando para a cozinha. Bolinhos de chuva, rolados no açúcar, pipoca batucando na panela, gemadas e gelatinas coloridas e de vez em quando até lamber as pás da batedeira, e esperar, o bolo crescer, enquanto o cheiro do aconchego tomava conta da casa Ah a minha infância! Ah essa idade que tenho hoje e que me faz desejar tanto recomeçar...

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