quinta-feira, 14 de junho de 2012

Junto e misturado

Semana dos namorados Na televisão, nas revistas, nos anúncios da internet, nos jornais em páginas inteiras, duplas, a exaltação ao amor, a magia de amar e tudo transformar.  Não dá para esquecer: ou você tem namorado e precisa inventar um presente que seja o máximo e que confirme que voce é única ou voce não tem namorado e se sente a pior mulher do planeta. Ou você vai fazer um jantar romântico, com velas, champagne e promessas de uma noite de amor, ou você vai chorar na cama baixinho, ensopando a fronha de seu travesseiro, depois de ter fingido o dia inteiro que não é importante não ter um namorado... Para mim os caminhos parecem ser esses, não enxergo muito outras possibilidades. Semana também em que as revistas sensacionalistas, os jornais e a televisão, a internet e as conversas nos lugares todos, do mais simples ao mais bacana, falam e repetem incansavelmente o assassinato seguido de esquartejamento de um executivo, por sua mulher, uma ex-garota de programa. Semana em que o amor é exaltado, que a vida só parece ter sentido se você encontrou seu par.  Semana em que o amor se torna lixo e assassino, se torna vulgar e macabro. Depois de uma pizza, com a filha dormindo no quarto ao lado, um tiro e o fim de um amor é disparado.  Fim de coraçōes batendo em uníssono.  Fim, última página. Sem suspiro. Só susto. Jogada na cara a traição, sem medo, sem perdão. Jogados fora os beijos e incontáveis promessas de amor eterno.  Jogados fora os momentos de prazer e o vislumbre do futuro promissor.  Jogada fora a tranquilidade da filha que dorme como anjo no berço de rico.  O fato é esse: ninguém segura o traído, o amor de ontem não existe hoje, o anel de brilhante na mão direita não impede o sangue de vazar por baixo da porta e anunciar uma tragédia comum.  Ah, o desamor! No apartamento de 500 metros quadrados, a sensação é de sufoco. Ninguém é mais única. É igual aos traídos todos.  O corpo retalhado do executivo, matematicamente repartido em malas de grife, o amor se tornando vulgar, personagem de crime barato e qualquer. A mulher resgatada de uma vida fácil, transforma em segundos sua vida em inferno, e o seu príncipe em pedaços de carne. Ah, o amor! Dizem que ela pode sofrer de um distúrbio.  Dizem que essa violência que ela cometeu pode ser justificada por um componente químico produzido pelo organismo quando alguém passa por um trauma afetivo... Ah, o amor! O amor bandido, o amor romantico, o amor eterno. A insanidade do amor. As juras de amor dos namorados, do Romeu e da Julieta, da brasileira e do asiático, a celebração do amor para inglês ver, com recepção e glamour, o amor em todas as formas.  O amor tão cantado, tão cor de rosa, tão almejado. O amor tão sentido, o amor nunca compreendido. O amor vira dor. Ah, o amor!

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